Fiocruz e EMS fecham parceria para produzir canetas emagrecedoras no Brasil

Por Helen Camargo
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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a farmacêutica EMS anunciaram nesta semana dois acordos estratégicos para a produção nacional dos princípios ativos liraglutida e semaglutida, substâncias utilizadas nas chamadas canetas emagrecedoras, indicadas no tratamento de obesidade e diabetes tipo 2.

A iniciativa prevê a transferência de tecnologia para a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) e do medicamento final à unidade de Farmanguinhos, da Fiocruz, no Rio de Janeiro, após o início da fabricação na planta da EMS em Hortolândia (SP).

Consideradas de alta complexidade, as injeções subcutâneas representam um avanço inédito na indústria farmacêutica nacional, que até então dependia da importação total dessas moléculas. A EMS classificou o acordo como um marco histórico para o setor, enquanto a Fiocruz destacou o fortalecimento do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (CEIS), com foco em soberania produtiva.

Controle e regulamentação

Com o crescimento acelerado da procura por esses medicamentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passou, em junho de 2025, a exigir a retenção de receitas médicas para a venda de canetas contendo liraglutida, semaglutida e substâncias semelhantes como dulaglutida, exenatida, tirzepatida e lixisenatida.

A medida visa coibir o uso indiscriminado dos medicamentos para fins estéticos, já que o consumo sem orientação médica pode gerar efeitos adversos graves, como pancreatite, distúrbios gastrointestinais e hipoglicemia.

SUS pode incorporar semaglutida

Paralelamente, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) encerrou no fim de junho uma consulta pública sobre a possível inclusão da semaglutida no Sistema Único de Saúde. As contribuições recebidas da sociedade civil, profissionais de saúde e entidades médicas serão avaliadas para a decisão sobre a adoção do medicamento na rede pública.

Especialistas alertam para a necessidade de um controle rigoroso na prescrição e dispensação desses fármacos, diante do aumento da automedicação e do uso fora das indicações terapêuticas aprovadas.

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