Brasil sai do Mapa da Fome, mas insegurança alimentar ainda atinge milhões

Por Helen Camargo 15 Visualizações
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O Brasil está oficialmente fora do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). A informação foi confirmada pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, que destacou a melhora nos índices entre 2022 e 2024. Neste período, o país atingiu uma média inferior a 2,5% da população em situação de subnutrição ou com acesso insuficiente à alimentação — o limite estabelecido para exclusão da lista.

O país havia retornado ao Mapa da Fome em 2021, como reflexo dos impactos sociais e econômicos provocados pela pandemia da covid-19. Na última vez em que figurou na listagem, o Brasil levou cerca de 12 anos para conseguir sair.

Apesar da melhora, especialistas alertam que os desafios continuam. Dados recentes mostram que 3,4% da população brasileira, o equivalente a cerca de 7 milhões de pessoas, ainda vivem em situação de insegurança alimentar severa. Esse cenário representa famílias com dificuldades reais para garantir três refeições por dia.

A insegurança alimentar moderada também preocupa, atingindo 13,5% dos brasileiros — aproximadamente 28,5 milhões de pessoas que convivem com restrições no acesso a uma alimentação adequada, ainda que não cheguem à privação total.

Quadro global

No panorama internacional, a FAO apontou uma leve queda no número de pessoas que enfrentam a fome. Em 2024, 8,2% da população mundial estava nessa condição, frente aos 8,5% de 2023 e 8,7% de 2022. A melhora se concentrou, principalmente, no Sudeste Asiático e na América do Sul, enquanto a fome voltou a crescer em diversas regiões da África.

Ainda assim, a estimativa da organização é de que entre 638 milhões e 720 milhões de pessoas sofram com a fome atualmente. No cenário médio, com 673 milhões de afetados, houve uma redução de 22 milhões em comparação a 2022.

Por regiões, os dados são os seguintes:

  • Ásia: 323 milhões de pessoas

  • África: 307 milhões de pessoas

  • América Latina: 34 milhões de pessoas

Segundo a FAO, embora a tendência seja de queda nos próximos anos, a meta de erradicar a fome até 2030 — estabelecida em 2015 — não será atingida. A previsão é que, até o fim da década, cerca de 512 milhões de pessoas ainda estejam em situação de desnutrição, sendo 60% delas na África.

Entre os principais fatores que contribuíram para a desaceleração dos avanços estão a pandemia de covid-19, a guerra na Ucrânia, a alta da inflação global e as tensões geopolíticas que afetam cadeias produtivas e o acesso a alimentos em diversas partes do mundo.

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